terça-feira, 19 de outubro de 2010

O Futuro do E-commerce

O texto abaixo foi publicado no caderno de Negócios do Jornal O Estado de São Paulo de 18.10.10

Lembra quando as pessoas debatiam se o comércio eletrônico era pra valer? Como iria se revelar mais tarde, os varejistas que foram para a internet primeiro riram por último. Está acontecendo de novo, mas agora o dispositivo é pequeno o suficiente para caber no bolso. O comércio eletrônico via telefone celular, o mobile commerce, chegou como uma vingança e, ainda nesta estação, iPhone, Android e outros clientes do smartphone vão dar uma atenção especial aos sites comerciais que estão orientados a acomodá-los.
Se tiver qualquer dúvida, considere os números. A ABI Research, empresa americana de pesquisa, estima que as compras via celular mais do que triplicaram de 2008 pra 2009 nos Estados Unidos, alcançando US$ 1,2 bilhão, cerca de R$ 2 bilhões. A projeção da companhia é de que serão gastos US$ 119 bilhões no mundo até 2015 com compras feitas por celular.
A Juniper Research é ainda mais otimista, estimando que o valor total de pagamentos via celular vai quadruplicar de US$ 170 bilhões em 2010 para US$ 630 bilhões até 2014. No Brasil, segundo dados divulgados pelo Banco Central em 2009, no ano passado foram feitas 100 milhões de transações via celular, 250% a mais que em 2008.
Em outras palavras, o futuro do mobile commerce já está em bom caminho. Então o que podemos fazer para nos preparar? O primeiro e mais importante passo é criar um site adaptado para os telefones celulares que permita fazer compras por meio do aparelho. Sua meta é fazer a versão para mobile commerce do seu site tão convidativa e fácil de usar como o site normal, mas levando em conta as limitações dos dispositivos móveis.
Há pelo menos três caminhos para criar um mobile site. O mais simples é usar um utilitário de conversão na tentativa de criar uma versão para celular do site já existente; o caminho intermediário é usar várias ferramentas de construção de site que utilizem modelos para automatizar o processo (seu provedor pode oferecer uma, ou as duas alternativas gratuitamente); e a maneira mais completa é contratar um experiente web designer na área de desenvolvimento de mobile sites.
A maior diferença entre os smartphones e o computador é o tamanho da tela. O visor do iPhone 4 na diagonal mede só 3,5 polegadas. O novo Motorola Droid X, conhecido pelo grande tamanho da tela, mede 4,3 polegadas. Cada polegada quadrada é significante, razão pela qual o layout limpo e a navegação fácil são fundamentais.
Isto é importante especialmente na home page do celular, que deve ser um conjunto claro de links para o resto do seu site de compras. Algumas das melhores home pages dos mobile sites parecem uma tabela de conteúdos, com imagens, além do logo da empresa mantido em um tamanho mínimo.
Navegação simples. Outra dica importante é: use fontes grandes. Isso parece contraditório quando o tamanho da tela é tão escasso, mas seus clientes podem estar olhando para o seu site em um trem ou no meio da multidão, e eles costumam estar segurando o dispositivo. Mesmo numa mão firme, o smartphone não cairá bem com uma fonte 6. A navegação do site também deve ser mais simples; visitantes de um mobile site têm chance maior de ficar desorientados. Não apresente muitas sub-páginas e sempre dê aos clientes a opção clara de voltar à home page.
Siga os passos certos para fazer com que a experiência de efetuar o pagamento via celular seja boa. Pelo fato de as transações via celular serem normalmente realizadas em público, as pessoas se sentem menos seguras para usar o cartão de crédito e outras informações pessoais. Por isso a importância da integração de um serviço profissional de pagamento que garanta a privacidade e a segurança das informações financeiras.
Você pode, ainda, agregar poder ao seu mobile site linkando outros recursos móveis. Por exemplo, para dar indicações para a sua loja física, você pode linkar a versão móvel a um serviço de mapas como Google Maps ou MapQuest. Pode também tirar vantagens dos sites de networking de localização, como o Foursquare. Quando as pessoas fizerem “check in” na sua loja – contando aos seus amigos onde estão -, você poderá recompensá-las com descontos especiais.
Estas são algumas dicas para começar. Com tanta coisa pra preparar, esses pontos podem parecer uma tarefa impossível. Então pelo menos faça isso: agarre seu smartphone preferido e dê uma olhada nas “vitrines” dos sites de comércio eletrônico. Isso irá lhe dizer alguma coisa a respeito do estado da arte para compras via celular. Então visite seu próprio site. A comparação dará uma boa ideia do caminho a percorrer.

E-mail marketing: como utilizar a base de um parceiro?

A arte de se comunicar é um dos instrumentos mais valiosos no dia a dia. E sabemos que a base de dados é um dos maiores ativos de uma empresa e que, sem ela, os resultados de nossa comunicação seriam inexistentes, sejam em ações de prospecção ou de relacionamento.

O relacionamento é uma peça fundamental em meio a tanta competitividade no mundo corporativo, sendo considerado fator chave para grandes processos de mudanças entre parceiros. O poder de relacionar-se com companhias que possam complementar e, muitas vezes, ser até a base fundamental para maior vantagem competitiva e crescimento, definitivamente deve ser utilizado no cotidiano empresarial.

O assunto vem ganhando tanta atenção que hoje é pautado não apenas nas relações interpessoais, mas inserido em tecnologias que permitem automatizar ações de complementaridade entre as partes.

Nesse contexto, vamos abordar a prática dessas relações e parcerias no mundo online, mais especificamente tratando sobre o co-registration como possibilidade de utilizar a base de dados de uma empresa parceira de forma legal e transparente.

Imagine a seguinte situação: uma pessoa se cadastra em um site para receber informações sobre construção civil, pois ela tem o objetivo de construir ou reformar sua casa. Ao se cadastrar, ela tem a possibilidade de também receber e-mails com promoções e com lançamentos sobre acabamentos, enviados por empresas parceiras. Essa pessoa, logicamente, aceita, pois precisará adquirir produtos deste setor. O que acabou de acontecer com ela? Participou de um processo de co-registration.

O co-registration permite que informações sobre bases de destinatários sejam compartilhadas estruturadamente. Ou seja, esse processo só é permitido se o destinatário estiver ciente de que receberá e-mails de outras empresas, além da inicial para a qual se cadastrou.

Compartilhar dados confidenciais não significa, simplesmente, enviar aos parceiros de negócio a base dos contatos cadastrados que optaram por receber informações relacionadas aos seus interesses. Nem sair disparando campanhas de e-mail marketing de parceiros para a base inteira, sem nenhuma análise. É preciso esforço para filtrar os conteúdos da empresa parceira, aceitando apenas o que for relevante para a base. E, para saber se os conteúdos oferecidos serão relevantes ou não, é preciso estudar muito bem o perfil comportamental dos destinatários segmentados. As informações que os parceiros enviam devem agregar algo de bom às informações enviadas pela empresa.

Para a base de contatos é de extrema importância saber de onde vem o e-mail recebido. O Código de Autorregulamentação para a prática de e-mail marketing irá prever, entre outras condutas, a negociação correta entre a empresa que detém a base e seus parceiros. Se for uma divulgação de parceiro, é importante ter o nome da empresa responsável pela base e a explicação correta do porquê de esse e-mail ter chegado a sua caixa de entrada. Por exemplo, uma loja de colchões pode enviar e-mail para sua base oferecendo lençóis de diferentes marcas, porém, a mensagem deve ter uma saudação do emissor informando o motivo e/ou os benefícios desse e-mail. O remetente e a assinatura devem pertencer à loja de colchões, uma vez que ela é a detentora dos dados, além de não causar nenhum impacto ao destinatário que já está acostumado com sua assinatura.

A empresa que se dispõe a trabalhar com co-registration precisa alinhar o método de opt-out (descadastramento). Assim como o opt-in (cadastramento), o opt-out precisa ocorrer de forma clara, permitindo que o destinatário escolha por não receber e-mails da empresa, dos parceiros da empresa ou de ambos. Sabe-se muito bem que o destinatário tem o direito de solicitar o opt-out de qualquer comunicação que não seja de seu interesse. O que para muitas companhias ainda não se atentaram é que esse descadastramento poderá ser evitado se os conteúdos forem adequados ao perfil pessoal de seus contatos.

Com o Código de autorregulamentação, muitas empresas que prestam serviço com a venda ou com a locação de base de dados terão que mudar o rumo de seus negócios: o objetivo é atuarem como uma ponte entre várias empresas, criando essa parceria baseada em diversas análises, desde o perfil de contatos, as etapas da vida desse cadastro, até o teor das mensagens. Uma empresa que se proponha a fazer esse trabalho de maneira ética e com fortes chances de obtenção de resultados poderá ter contato com uma companhia de eletrônicos e com outra de móveis e, a partir desse conhecimento, propor uma campanha casando a venda de um televisor com uma poltrona, ou até mesmo de um "home theater" completo. Isso, sim, será um processo de co-registration de verdade.

Essa é a importância da tecnologia, aliada às boas práticas, para uma relação digital em prol da boa reputação das marcas. Considerando a relevância de uma base de dados trabalhada corretamente e o relacionamento online como essencial, por que não unir duas ferramentas fundamentais e aumentar as chances de ganhar vantagem competitiva? O alvo só vira mesmo seu público quando é respeitado.

Fonte: Imasters